Foto: Kara McCurdy Photography 2024 | Wikimedia Commons
A cidade que nunca dorme acordou para uma nova realidade política. Zohran Mamdani, um socialista democrático de 34 anos, foi eleito prefeito de Nova York com 50,4% dos votos, tornando-se o primeiro muçulmano, o primeiro nascido na África e o mais jovem em um século a assumir o comando da capital financeira mundial.
O que muda na economia nova-iorquina
A agenda de Mamdani promete revolucionar o custo de vida na cidade mais cara dos Estados Unidos através de um pacote de medidas que inclui o congelamento de aluguéis para aproximadamente um milhão de apartamentos, a implementação de transporte público gratuito, a criação de creches universais e o estabelecimento de supermercados subsidiados pela prefeitura.
Para financiar essas propostas, o novo prefeito planeja uma reforma tributária que aumente impostos sobre os mais ricos e eleve a alíquota do imposto corporativo municipal. Essas medidas dependem de aprovação da Assembleia Legislativa do estado e do governador para serem implementadas.
O paradoxo do financiamento
A campanha “antibilionária” de Mamdani teve um apoio curioso: dois bilionários estiveram entre seus doadores. Elizabeth Simons (herdeira de fortuna de US$ 32,5 bi) contribuiu com US$ 250 mil, enquanto Tom Preston-Werner (cofundador do GitHub, US$ 1 bi) doou US$ 20 mil.
No entanto, enfrentou feroz oposição de grandes nomes como:
- Mike Bloomberg (US$ 109,4 bi): US$ 5 milhões em campanhas contra
- Bill Ackman (US$ 9,3 bi): US$ 1,25 milhão contra
- Alice Walton (US$ 111 bi): US$ 100 mil contra
Quem é Zohran Mamdani
- 34 anos, nascido em Uganda, filho de pais indianos
- Mãe: Mira Nair, cineasta premiada (“Monsoon Wedding”)
- Pai: Mahmood Mamdani, professor da Universidade Columbia
- Cidadão americano desde 2018
- Ex-rapper (nome artístico “Mr. Cardamom”)
- Três mandatos como deputado estadual pelo Queens
Trajetória e contradições
Mamdani chegou à política através de movimentos de base, ganhando notoriedade em 2021 ao participar de uma greve de fome de 15 dias com taxistas endividados. Como deputado, aprovou programa piloto de ônibus gratuitos e defendeu causas progressistas.
Apesar do rótulo socialista, distanciou-se de pautas radicais como o desfinanciamento das polícias, pedindo desculpas por chamar o departamento de polícia de racista. Também não endossa todas as propostas dos Socialistas Democráticos da América.
O desafio: governar Wall Street
A partir de 1º de janeiro de 2026, Mamdani enfrentará um grande paradoxo: implementar políticas socialistas na capital global do capitalismo. Seu sucesso ou fracasso pode redefinir não apenas o futuro de Nova York, mas o próprio debate sobre desigualdade nos Estados Unidos.
Enquanto isso, Wall Street assiste atenta e o mundo aguarda para ver se a “revolução Mamdani” será viável ou será um contraste chocante demais para a realidade econômica.





Deixe um comentário