Em um movimento que promete reconfigurar o sistema financeiro do Brasil, o Banco Central anunciou novas regras para combater a lavagem de dinheiro por meio das chamadas contas-bolsão. As medidas, que entram em vigor em 1º de dezembro de 2025, representam a resposta mais contundente já vista contra esquemas que se infiltraram no sistema financeiro nacional.
O mecanismo financeiro preferido do crime
As contas-bolsão funcionam como cofres coletivos, abertos por fintechs menores em instituições financeiras maiores, onde recursos de diversos clientes são concentrados sob um único titular. Esse modelo, que tem aplicações legítimas em operações de câmbio e marketplaces, tornou-se a ferramenta preferida de facções como o PCC para lavar dinheiro em escala industrial.
A grande vantagem para o crime é a impossibilidade de rastrear os verdadeiros responsáveis pelas movimentações, criando uma cortina de fumaça que protege os beneficiários finais.
O caso que mudou tudo
A Operação Carbono Oculto, deflagrada em agosto, revelou um esquema bilionário no setor de combustíveis. A investigação expôs como uma única fintech, o BK Bank, movimentou impressionantes R$ 46 bilhões em operações consideradas suspeitas pelas autoridades. O caso tornou-se o estopim para a ação regulatória mais dura dos últimos anos.

Na prática, o que muda?
A partir de dezembro, bancos, fintechs e instituições de pagamento terão a obrigação de encerrar contas de forma compulsória sempre que detectarem atividades irregulares. As instituições deverão desenvolver critérios próprios para identificar movimentações suspeitas, usando dados de bases públicas e privadas.
Cada encerramento deverá ser comunicado formalmente ao cliente, enquanto toda a documentação referente ao processo deverá ser mantida à disposição do Banco Central por, no mínimo, dez anos.
Equilíbrio regulatório e fortalecimento do sistema
A diretora de Supervisão de Conduta do BC, Izabela Correa, foi enfática ao afirmar que o objetivo não é demonizar o conceito de contas-bolsão, mas sim eliminar aquelas utilizadas para ocultar a identidade dos verdadeiros titulares. Não se trata de proibir o uso legítimo, comum em operações de câmbio ou marketplaces, mas sim de acabar com as que servem para ocultar transações ilícitas, explicou.
Além do combate direto às contas-bolsão irregulares, o Banco Central e o Conselho Monetário Nacional também alteraram a metodologia para definir o capital mínimo exigido das instituições financeiras e de pagamento. A medida visa garantir que bancos e fintechs mantenham recursos suficientes para absorver riscos e operar com segurança, fechando brechas exploradas em fraudes via Pix.
Novo patamar regulatório
As mudanças anunciadas reforçam a tendência de regulação crescente no setor financeiro brasileiro. Para investidores e instituições, fica claro que compliance deixou de ser uma opção para se tornar requisito básico de sobrevivência no mercado.
O sistema financeiro brasileiro entra em um novo momento, onde a inovação deve andar de mãos dadas com a segurança e a transparência.






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